29 de novembro de 2005

Leavin' New York, part II

O Thanksgiving, como todos sabem, é uma data importantíssima para os americanos. É o dia do genocídio de perus. É o dia de ser bonzinho e garantir uma brecha no céu. É o dia de se preparar para a Black monday, quando as lojas vendem tudo com 50% de desconto. É o dia de todo mundo viajar ao mesmo tempo, no melhor efeito manada. E eu nem parei para pensar nisso antes de viajar também...

Virgínia é um estado ímpar. Aliás, um estado par, já que divide-se em West Virginia (terra de música country, howdee folks e sotaques caipiras) e "plain" Virgínia (terra de caipiras. Period.)
Quem conhece as rodoviárias maravilhosas de algumas cidades brasileiras (como a de campina grande, minha cidade natal) vai sentir-se em casa, ao desembarcar na capital do caipiródromo, Richmond. Exceto, talvez, pelo fato desta ser um pouco mais suja e densamente populada por pretensos rappers e seus nikes baratos.

Falando em Rappers pretensamente famosos, o clima ficou realmente pesado quando um dos funcionários da agência de ônibos decretou que não havia espaço para todo mundo, e os "restantes" (me included) teriam que esperar uma repescagem. Explicou ainda que, pelas letrinhas miúdas no verso da passagem, ninguém ali teria direito a reembolso caso não tivesse outro ônibus disponível, e todos teriam que se virar para voltar para casa, já que não é obrigação da companhia levar seus passageiros até seus destinos (!?!?!) quando a situação aperta, ou o feriado chega (!!!!), obrigando a companhia a praticar overbooking em nome do propósito maior da fraternidade americana - o lucro.

O primeiro a se manifestar foi um rapper teoricamente famoso (batizado de R.A.W., ou algo do tipo. Particularmente nunca ouvi falar) começou a gritar que era uma celebridade, e ia viajar de qualquer jeito. A discussão (em puro e genuíno dialeto niggês) engrossou quando um advogado "sou-branaco-mas-também-falo-yo" juntou-se ao coro de nosso querido rapper-potencialmente-famoso para gritar seus direitos e ameaçar a companhia:

- Eu exigo meu dinheiro de volta!

- Ok, senhor. Pelos termos da companhia, o senhor não teria este direito, mas basta ir ali no caixa e dizer que eu autorizei. Tenha uma boa noite, senh...

- Não! Quero que vocês peguem o dinheiro sujo de vocês e ****** no *****! Eu quero viajar! Eu sou uma celebridade!

Se isso aqui fosse o Rio de Janeiro, tenho certeza que tinha acabado em tiro. Se fosse alguma cidade no interior do Ceará, é bem possível que surgisse uma eventual "peixeirada". O desfecho da discussão toda, no melhor estilo americano: o bloco rapper se juntou, trocou telefones e prometeu processar a empresa de ônibus sem piedade.

O lema de Richmond é "a kind of cool place". Bela maneira de dizer que trata-se de uma cidade absolutamente desinteressante...

em tempo: Virgínia é estado-sede do orgulho americano e suas variadas agências de desinteligência e pesquisa (FBI, CIA, NASA, NSA, etc, etc...).

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