14 de abril de 2005

Médico diz que Papa comeu doce após traqueostomia

Tudo para transformar o coitado em santo...

Duas semanas depois de fazer a traqueostomia, o papa João Paulo II comeu um "cannolo siciliano" (doce à base de ricota, chocolate e frutas cristalizadas) e pronunciou algumas palavras, compreensíveis e em bom tom de voz. A revelação foi feita pelo doutor Rodolfo Proietti, chefe da equipe que atendeu o Papa, em entrevista ao jornal Avvenire, do Episcopado italiano, que será publicada amanhã e que teve um trecho divulgado.

Proietti disse que o dia 24 de fevereiro, quando o Papa foi internado pela segunda vez no hospital Gemelli, de Roma, com uma nova crise respiratória aguda, "foi o momento das decisões difíceis". "A traqueostomia era indispensável, já que era preciso proteger as vias respiratórias. Comuniquei isso ao Santo Padre e pedi seu consentimento. Ele me deu e após me colocar nas mãos da Providência perguntou: ´Voltarei a falar?". Disse a ele que faríamos tudo o que fosse possível e durante muitas dias senti o peso da promessa", contou o médico.

Proietti disse que em 11 de março aconteceu o "momento de glória", quando percebeu que a operação tinha sido um sucesso. Segundo o médico, nesse dia o diretor de saúde Cesare Catananti foi visitar o Papa, levando uma caixa de "cannolo siciliano". Em um certo momento, enquanto Catananti falava com Proietti em outra sala, um enfermeiro entrou e disse que fossem ao quarto do Papa. Quando eles entraram viram João Paulo II comendo um "cannolo".

"A surpresa se transformou em incredulidade quando o Santo Padre disse com um grande sorriso, 'Bons, muito bons, obrigado, obrigado'. Nesse momento percebemos que tínhamos alcançado os objetivos terapêuticos, o Santo Padre deglutia normalmente e falava. Foram poucas palavras, mas eram claras, compreensíveis e em um bom tom de voz", disse Proietti.

Depois, o médico lembrou os momentos de dor: "Em 1º de abril começou a última crise. Cheguei imediatamente ao Vaticano, quando o vi, me ajoelhei e fiquei em silêncio". Proietti, emocionado ao lembrar daqueles momentos, disse ao jornal que não conseguia conter as lágrimas. João Paulo II morreu no dia seguinte.

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